
Anne Rice publicou seu primeiro romance em 1976, “Entrevista com o Vampiro” (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles), o primeiro da série que ficou conhecida como Crônicas Vampirescas e que no total conta com dez volumes. Neste primeiro volume Rice conta a história de Louis de Pointe du Lac, de Lestat de Lioncourt e da vampirazinha Claudia. Entre os temas abordados destacam-se questionamentos religiosos, sexuais, éticos, morais, estéticos e comportamentais em geral.
Nesta adaptação para as telas, supervisionada pela própria Rice, Daniel Malloy (Christian Slater) é um jornalista que encontra Louis (Brad Pitt), o qual resolve contar a história de sua vida. Louis foi transformado em vampiro por Lestat (Tom Cruise) após perder sua esposa e filho, mas enquanto Lestat segue à risca a conduta vampiresca, Louis mantém seu amor e respeito pela raça humana, causando diversos conflitos e dilemas morais. Num dado momento surge Claudia (Kirsten Dunst), uma criança-vampiro condenada a viver eternamente no corpo de criança. e que forma uma "família" com Louis e Lestat. A descoberta dos vampiros do Velho Mundo no Teatro dos Vampiros de Paris – onde vampiros se passam por humanos que fingem se passar por vampiros – liderados por Armand (Antonio Banderas) completam o arco que mantém a história sempre envolvente durante 200 anos, começando pelas plantações e escravidão que dominavam o sul dos EUA no século XVIII, passando pelo submundo de Paris do século XIX e terminando na São Francisco de 1994. Um belo representante do gênero “Noir”.
Não gosto de encarar este filme como terror, apesar de ser classificado como um. Antes de tudo, é um drama. Um filme filosófico, sobre questões existenciais e humanas. Gosto também de não estereotipar ou rotular os vampiros simplesmente como seres do mal., criaturas da noite ou meros chupadores de sangue. Neste filme, existem vampiros ruins e vampiros bons, assim como todo e qualquer animal, seja este dotado de pensamento ou não. Ainda assim, ninguém é de todo bom ou de todo mal. Quem é o vilão do filme? Lestat? Não seria ele apenas uma vítima das circunstâncias conformado com seu destino e seguindo o lema “para viver é preciso matar”? Você consideraria Louis o mocinho da história? Essa complexidade de perrsonagens para mim é o principal do filme.
O elenco também é um excelente chamariz. Afinal, colocar três dos maiores símbolos sexuais dos anos 90 juntos já é suficiente para atrair muitas mulheres ao cinema - mesmo que seja um filme de terror. Mas quem mais se destaca é Kirsten Dunst, na época com apenas 12 anos. Ela rouba cada cena do filme e prova definitivamente seu talento (legal vê-la atuando desde menina, antes do embaranguecimento.) Christian Slater ("O nome da rosa") não foi bem aproveitado, assim como Thandie Newton ("Crash", "Missão Impossível 2"), que faz apenas uma escrava e aparece poucos minutos.
Recentemente, assisti ao seriado da HBO True Blood, o qual também recomendo muito para quem gosta do gênero, por ser outra obra séria e madura, embora com um foco diferente. Em ambos os casos, crucifixos, alho, água benta e reflexos no espelho são apenas invenções criadas pelos próprios como um mecanismo de defesa. Afinal, se você acredita que, ao ver um homem com reflexo no espelho, este não é um vampiro, você nunca vai desconfiar que pode estar ao lado de um.
O filme não apenas traz uma história bem contada como também é tecnicamente muito bem realizado. Maquiagem, figurino, cenários, fotografia, etc, sendo indicado a 2 Oscars em categorias técnicas. Um filme que vale a pena ser visto não apenas por curiosos e interessados nesta mitologia, mas pelos apreciadores de cinema.
Cotação: 9,0
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