Crítica: Até que a sorte nos separe

Baseado no livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de Gustavo Cerbasi, o filme conta a história do ex personal trainer Tino (Leandro Hassum), um pai de família que tem sua rotina transformada ao ganhar R$ 100 milhões na loteria. Em 15 anos, ele consegue gastar todo o dinheiro com uma vida de ostentação ao lado da mulher, Jane (Danielle Winits) e dos filhos. Ao descobrir que está falido, Tino é obrigado a aceitar a ajuda de Amauri (Kiko Mascarenhas), seu vizinho, um consultor financeiro chato casado com Laura (Rita Elmôr). Quando Jane engravida do terceiro filho, ele precisa esconder dela sua nova condição financeira para não prejudicar sua gravidez de risco.

Até que a sorte nos separe é mais um longa da Globo Filmes cheio de atores globais que poderia facilmente ser um especial de final de ano com uma duração um pouquinho maior. Em se tratando de uma comédia nacional, considero este aqui incrivelmente leve e simples. As famosas piadas de mal gosto, palavrões em excesso e cenas de sexo praticamente não existem. Outras piadas também comuns e até batidas, como as que envolvem flatulência e homossexualismo ainda permanecem, mas em menor escala. Ou seja, ponto positivo para o filme por não ser apelativo. A censura 14 é até alta aqui, poderia baixar pra 12 sem problemas.

Mas isso não quer dizer que o filme é maravilhoso ou que é a melhor comédia do ano. Minha primeira crítica é quanto aos personagens caricatos. Gosto de Leandro Hassum, mas seu papel é praticamente idéntico ao Jorginho do programa Os Caras de Pau. Apesar de fugir (um pouco) do estereótipo "gordo fazendo gordices", sua atuação é exagerada em VÁRIOS momentos, se tornando irritante em alguns pontos do filme.  Já Danielle Winnits também ficou exagerada em algumas cenas, mas ao contrário de Hassum seu exagero é proposital. Nos momentos cômicos e dramáticos ela se saiu bem, provando que pode fazer papéis que não sejam simplesmente desculpas para sua presença na tela, mesmo porque seus 38 anos já começam a fazer efeito (uma vez li uma entrevista da Ana Paula Arósio dizendo que quando uma bela atriz é escalada para fazer um papel de mãe é porque a idade pesou).

Os demais atores se alternam entre boas e más atuações. Destaque positivo para Aírton Graça, Kiko Marcarenhas e Rita Elmôr. Os adolescentes e crianças praticamente não são aproveitados no filme, e a presença descartável da vez ficou para Rodrigo Sant'Anna (a Valéria do Zorra Total). Falando em Zorra, o diretor Maurício Sherman faz uma participação especial. O enfeite de tela ficou para Carol Nakamura.

A segunda crítica é quanto aos momentos cômicos. Por ser uma comédia, o filme não é tão engraçado como deveria. Você consegue rir em alguns momentos, mas quando o filme acaba percebe que foram poucos. Mais um exemplo de filme em que as melhores cenas engraçadas estão no trailer. Algumas referências a filmes famosos como Flashdance ficaram um pouco forçadas. O final previsível com a lição de moral de que dinheiro não traz felicidade termina por quebrar de vez qualquer ritmo de comédia. Ficou mais ou menos como: ok, hora de acabar. resolve logo a situação dos personagens e a lição de moral. 

Rotular o filme como "ruim" é tão exagerado quanto as caras e bocas de Hassum, ainda mais depois de pérolas como Agamenon, Cilada.com e afins, mas poderia ter sido bem melhor aproveitado. Vale como um entretenimento leve e despretensioso num final de tarde.

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