Hoje, infelizmente, o Oscar é uma festa
de interesses pessoais, comerciais e industriais - que premia filmes de
acordo com a vontade e opinião de alguns membros da Academia de Artes e
Cinema, que raramente combina com a nossa opinião sobre os melhores
filmes do ano. Falamos disso na primeira parte de nosso especial.
Toda a festa que da
premiação, do anúncio dos indicados até a cerimônia do
tapete vermelho, envolve questões desde pontos de audiência durante a
transmissão, figurinos e jóias caríssimas ostentadas pelas atrizes
durante a cerimônia, até acordos envolvendo patrocínios milionários,
contratos fechados, cachês inflados, negócios
assinados, business, business, business. Não quero dizer que isso não é
importante. O Oscar dá status
a um ator, diretor, produtor ou roteirista, garante que ele aumente em
alguns milhões o valor de seus próximos contratos e ficam mais
conhecidos e requisitados no mundo do cinema, mas isso não garante uma
das coisas principais: sucesso de público. Por isso existem os
"filmes-pipoca" e "filmes de Oscar".
O
roteiro dos filmes pretendidos a este tipo de premiação já são escritos
pensando no gosto dos membros da Academia. E mesmo assim, muita coisa
boa ainda fica de fora da premiação, perdendo sua vaga por outras
questões, como por exemplo questões políticas, morais e até
preconceituosas. Por que Kathryn Bigelow, vencedora de melhor diretora Por Guerra ao terror (em que os americanos são os heróis frente ao terrorismo) não foi nem indicada por A hora mais escura (sobre a caça a Bin
Laden) em 2013? Provavelmente porque ela e seu roteirista foram
acusados pela CIA de obterem informações sigilosas sobre as torturas
praticadas por americanos para obter o paradeiro do terrorista. Se
americano não for o herói ou o salvador do mundo, não pode entrar na
premiação?
Sabem
como é feita a votação para a escolha dos indicados? Primeiramente, o
filme tem que seguir algumas regras: deve ser um longa-metragem com
duração acima de 40 minutos, exibido publicamente em 35 mm, 70 mm ou em formato digital em uma
sala comercial da cidade de Los Angeles antes da meia-noite de 31 de
dezembro e permanecer em cartaz por pelo menos sete
dias consecutivos. Sua divulgação deve seguir as restrições
impostas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de
Hollywood. Filmes que estrearem na internet, TV a
cabo, TV aberta ou em vídeo não podem concorrer.

Então, além
de todas as questões levantadas aqui sobre a votação, ainda existe a
probabilidade de muitos membros da academia, principalmente os mais
antigos, delegarem a parentes, alunos e funcionários suas escolhas por
não terem tempo, paciência ou vontade de assistir a todos os filmes
indicados. Por isso hoje em dia outras premiações como a realizada pelo SAG Awards - Sindicato de Atores de Hollywood
estão tendo cada vez mais importância, pois são os próprios atores
votando em seus colegas de profissão. E se eles querem ser respeitados e
valorizados por seu trabalho, imagino que eles tratem esse assunto com a
importância devida, votando seriamente. Outras premiações de peso são o
BAFTA (o Oscar britânico), o Golden Globe Awards (em que a seleção é feita por jornalistas) e o Urso de Prata no festival de Berlim. Bom, raramente você comenta sobre um filme ou um ator vencedor do BAFTA. Alguns hábitos e tradições são difíceis de terminar...
Mas todo ano é a mesma coisa. A gente critica,
reclama, xinga, aplaude, mas assiste a premiação e pelo menos terá uma
certa curiosidade em saber porque aquele filme que você nem tinha ouvido
falar venceu o Oscar em determinada categoria. E assim caminha a
indústria do cinema.
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