
Em 1979, o médico George Miller, enquanto trabalhava no setor de emergência de um hospital na Austrália e rodava seus primeiros curtas, conseguiu fazer seu primeiro longa independente. Nesta época, diziam que o petróleo iria acabar em 20 a 25 anos. Assim, George Miller criou um futuro pós-apocalíptico em que os recursos vitais como água e gasolina seriam cada vez mais escassos, se tornando motivo para luta pela sobrevivência. Nesta mesma época, um aspirante a ator de 23 anos chamado Mel Gibson quase não consegue o papel por ter feito o teste de elenco um dia após uma briga de bar, que deixou seu rosto inchado e sua mandíbula quebrada. Como duas semanas depois a vaga não foi preenchida, Gibos fez um novo teste e conseguiu o papel do protagonista Max Rockatansky, um policial que perde sua família para a guerra das ruas e resolve fazer justiça. O filme Mad Max foi sucesso absoluto na Austrália, chamando a atenção sobretudo para o trabalho do diretor, que conseguiu criar um ambiente de pré-caos no deserto australiano, com cenas de tiros, lutas e explosões muito bem feitas e reais com baixo orçamento.
Em 1981 é lançada a sequência com o mesmo ator e o mesmo diretor, com um orçamento maior e financiado por um grande estúdio, voltado para o público americano (que desconhecia o primeiro filme). The Road Warrior, aqui no Brasil chamado Mad Max 2: a caçada continua, foi extremamente bem sucedido ao estabelecer o caos total, aumentando ainda mais as sequências de ação e se, tornando, até então, o melhor filme da franquia. Em 1983, mais uma sequência chamada Mad Max: além da cúpula do trovão, que não conseguiu manter o altíssimo nível dos filmes anteriores mas fechou a trilogia de uma maneira digna.

Entre os tópicos de aula, mestre Miller avisa: (I) use a computação gráfica e efeitos especiais para ajudar a contar a história do filme, e não para ofuscar ou substituir uma falta de roteiro. (II) use dublês reais. Personagens digitais não têm o mesmo impacto na tela. Se algo puder ser explodido, exploda de verdade! Mas deixe que as pessoas saibam o que está sendo explodido e consigam ver causa e efeito da explosão. (III) Se puder ir direto ao ponto, vá. Explicações são boas apenas quando ajudam a compreensão da história. (IV) use sempre bons atores, mesmo que tenham poucas falas. (V) o filme pode ter mulheres lindas e sensualidade, mas não precisa ser nada gratuito ou explícito sem uma razão aparente. (VI) filme de ação podem ter homens e mulheres atuando juntos e quebrando tudo. Não é necessário que eles possuam um relacionamento amoroso. (VII) filmes de ação podem ter mulheres protagonistas, serem tão duronas quanto os homens e passarem a mesma credibilidade. E ainda podem continuar lindas mesmo completamente sujas e com a cabeça raspada. Basta que tenham talento e competência. (VIII) futuro pós-apocalíptico não é algo bonitinho. É sujo, é cruel, é triste, causa sofrimento, causa loucura, causa guerras, causa conflitos filosóficos e religiosos. Apocalipse -> Destruição -> Esperança. Como adendo, já que o mundo está um caos, justifica-se inserir personagens bizarros e vilões que se aproveitam da situação. Em terra de cego... (IX) Deixar o público respirar entre as sequências? Até pode, mas pouco. Só pra preparar terreno pra próxima sequência. E (X) Se for pra fazer algo insano, bizarro, frenético e alucinante, faça direito. Seja ousado! Por exemplo, experimente inserir no meio de veículos adaptados para máquinas de guerra um "carro-trilha sonora" com um maluco pendurado por cordas na frente do carro tocando uma guitarra que solta fogo e na parte de trás mais malucos tocando "bateria", e use esse som como a trilha sonora de verdade da sequência.


Tom Hardy e Charlize Theron estão fantásticos e dividem o protagonismo do filme com perfeição. As críticas que a Imperatriz Furiosa ofusca Mad Max são a meu ver completamente infundadas, visto que a personagem de Charlize possui papel fundamental na história e não deveria ser jogada para coadjuvante só porque "o filme é do Max". O elenco de apoio é ótimo e todos os personagens estão bem fundamentados na história. O filme também está recheado de referências e homenagens aos filmes anteriores (o vilão Immortan Joe é interpretado por Hugh Keays-Byrne, que fez o vilão Toecutter no 2º filme). E como estamos novamente vivendo dias preocupantes com relação a escassez de água e dúvidas quanto ao petróleo, é um bom momento para voltar a falar do assunto. Todos os elogios são poucos para descrever o filme de ação do ano!
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