Reflexões sobre Doutor Estranho: no multiverso da loucura.

 "Espera aí, você vai querer propor um papo-cabeça de um filme da Marvel? De super-herói??? "

Vou! Primeiro, os filmes de herói são MUITO mais profundos do que boa parte imagina, ou não quer ter o trabalho de pensar sobre isso, porque só se liga no entretenimento. Tudo é questão de foco! Filmes dos x-men, por exemplo, são uma coletânea de críticas sociais sobre preconceito, diferenças, aceitação, dentre outros. 

Este filme do Dr. Estranho é um pouco diferente das obras anteriores da Marvel, porque flertou um pouco com o "terror" (claro, nem de longe diretamente comparado a filmes raiz de horror, zumbi, essas coisas, afinal ainda precisa do público infanto-juvenil). Outra opção interessante foi trazer a vingadora Wanda como a vilã do filme (como a Feiticeira Escarlate). Essa narrativa não veio de graça, existiu toda uma boa construção da personagem em filmes e séries anteriores para chegar até aqui. 

Caberia também uma discussão sobre fins e meios, visto que tudo que a Wanda fez foi para poder ficar com seus filhos (que particularmente não gostei muito, embora tenha do quanto a Wanda já causou nas HQ's). Ou falar sobre perdas, depressão, "amor de mãe", sentido da vida etc. Mas como eu não vou fazer uma crítica sobre o filme em si (mas posso confessar que não foi dos meus preferidos da Marvel, com algumas escolhas bem questionáveis de roteiro) hoje eu quero levantar os seguintes pontos:

(1) multiverso. Até onde isso é ficção? Já vejo os físicos parando de ler bem aqui. Mas se tem uma coisa que aprendi nos últimos anos foi a não duvidar de mais nada nessa vida (ou em outras). Aprendi nos anos 80 na aula de ciências que só tinha 9 planetas. E olha hoje como a cada momento são descobertos novos planetas, ou mesmo galáxias. Nosso conceito de espaço-tempo ainda é muito limitado. 

Absurdo? Da forma como foi exibido, muito provavelmente sim. Claro que o filme carrega muita fantasia e ficção, e não acho que uma adolescente abrindo portais com formato de estrela entre diferentes universos no soco seja exatamente a realidade. Os filmes de "ficção" muitas vezes deixam essa semente plantada, ou trazem um simbolismo, um significado oculto. Nesse aqui a fantasia é tamanha que fica até um pouco difícil mesmo conseguir fazer uma conexão com a "realidade". Mas vai que um dia se comprova que existem várias realidades. Pelo menos não ia ser uma surpresa total. Ou ao menos a gente ia se divertir um pouco comparando quem acertou. Utilizando outra série recente da própria Marvel: "E Se?"

Aprendi a não refutar mais nada. As pessoas não acreditavam em reencarnação, regressão, vidas passadas (aliás, muitas até hoje não acreditam, apesar de todos os fatos). Se antes o conceito de várias vidas em momentos diferentes era uma loucura, o que sabemos da verdade sobre vidas em espaços diferentes? Não tem como se estender muito mais no assunto, mas se você ficou minimamente interessado, recomendo buscar leituras sobre o conceito de mônadas, e talvez você encontre algum fundamento nesse conceito.

Veja essa matéria que li no perfil @astrnomiaum sobre os Pilares da Criação. Se você não "bugou" completamente o seu cérebro, parabéns! Isso é só um exemplo do quão longe estamos de compreender o tempo e o espaço.

https://twitter.com/astronomiaum/status/1539452943484731394?s=24&t=rbJg4ZTTmVnWr84ubCFAdg

(2) sonhos. Esse conceito se liga ao ponto de multiverso, pois os sonhos no filme são conexões com outras realidades paralelas. Sonhos ainda são um enigma a ser desvendado. Já foram tema de um sem-número de livros, artigos, hipóteses, mitos e superstições (sonhar com determinado animal significa que vai ocorrer alguma coisa com alguém e por aí vai). Qual o papel dos sonhos então? Apenas uma descarga química do nosso cérebro fazendo uma limpeza diária? Se for só isso, por que duas ou mais pessoas compartilham um mesmo sonho? Algumas pessoas sonham com algo ou alguém e acontece? E a quantidade de relatos de pessoas que recebem mensagens nos sonhos, vivenciam situações, conversam com entes queridos, ou com seus mentores? 

Nós ainda somos uma sociedade muito cartesiana, materialista, racional, apegados na 3D. A grande maioria ainda acha essa coisa de realidade paralela e sonhos como bobagem ou fantasia, e para estas pessoas proponho um exercício. Deixe um caderninho ao lado da cama e, ao acordar, anote tudo o que sonhou (ou mesmo ache que sonhou). Deixe a mente aberta. Eu sou uma pessoa que raramente lembra dos sonhos, se você for assim também persevere no exercício durante pelo menos um mês, e pare de ficar afirmando pra você mesmo que não sonha. 

(3) Após os créditos, o que me marcou foi uma frase, dita mais de uma vez ao longo da exibição. "Are you happy?" Não coloquei em inglês pra ser chique, mas é que em português isso traz uma reflexão dupla!!!! Ser ou Estar feliz. E isso faz toda a diferença...

Você está feliz? Você ou alguém já te fez essa pergunta? Qual foi o critério para sua resposta? O que é esta tal felicidade? Como você a define? A partir da letra de alguma música? Frase de um livro? Algum versículo ou ensinamento religioso? A felicidade é um estado de espírito (estar)? Ou faz parte da minha essência (ser)? Se você ESTÁ feliz, tenho uma notícia boa e outra ruim, como disse Chico Xavier: isto também passa! Assim como a tristeza, a felicidade - como um estado - é passageiro. Você não pode estar feliz ou tempo todo, nem estar triste o tempo todo. Mais ainda, como considerar ou quantificar felicidade e tristeza? São dois estados opostos, mas em que grau? Agora recomendo a leitura do Caibalion, mais especificamente sobre o princípio hermético da polaridade.

Pra fechar, a "viagem na maionese". Por que um filme sobre multiversos daria ênfase a este questionamento? Existindo vários universos, e sendo os universos como parte de um Todo, a felicidade não seria completa somente se alguém fosse feliz em todos os universos, ao mesmo tempo? Ou, voltando ao conceito de Mônada, somente quando todas as suas partes e todos os seus Eu's voltarem ao Todo se poderia compreender este conceito, ou contemplar este sentimento? 

Alguém pode ser feliz por completo? É possível para nós, no atual estado de consciência, conseguir entender ou sentir a felicidade? O livro dos espíritos diz que "a felicidade não é desse mundo." Será que não faltaria nessa frase um a felicidade não é SÓ desse mundo? Muitos dizem que não podemos ser felizes enquanto houver uma pessoa no mundo em sofrimento. Talvez tudo isso seja verdade e a gente não consiga hoje atingir a plenitude da felicidade. Mas também não podemos fazer com que essa palavra seja uma utopia. Se você não fizer a sua parte, não se trabalhar, não cuidar de si próprio, você nunca será o "outro" que contribui nesta equação para a nova era. Se hoje para nós a felicidade nos é possível a partir de momentos e sensações de paz e plenitude, que possamos aproveitar cada momento, estejamos no presente, sentindo e curtindo essa sensação. 

Comentários

  1. Nossa! Quantas sementes você espalhou com esse texto! Gratidão 🙏🏼

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