A Intérprete (2005)

A intérprete é um interessante filme político que mistura os gêneros policial, ação, drama e suspense. Dirigido pelo diretor vencedor do Oscar Sydney Pollack ("Entre dois amores"), o filme reúne dois astros de primeiro time: Sean Penn (vencedor do Oscar por "Sobre meninos e lobos") e Nicole Kidman (vencedora do Oscar por "As Horas").

Penn se tornou um ator consagrado, e quase todos os seus filmes são sucesso, em boa parte devido a sua excelente interpretação. "21 Gramas" e "Os últimos passos de um homem" são altamente recomendados. Nicole Kidman possui alguns altos e baixos, e desde que deixou de ser a Sra. Tom Cruise emendou um filme atrás do outro, alguns com qualidade muito discutível, como "Mulheres perfeitas", "Reencarnação" e "A feiticeira". Como "A intérprete" situa-se no meio dessa cronologia, entrou em várias listas como parte da sequência de filmes ruins. Ao assistir ao filme, encontrei bons motivos para assistir ao filme e exclui-lo desta lista. Não é perfeito, mas garante bons momentos de entretenimento.

Na trama, Kidman vive Silvia Broome, uma intérprete que trabalha na Organização das Nações Unidas (a popular ONU) que ouve sem querer (quem mandou ser curiosa?) uma conversa em um raro dialeto africano sobre uma conspiração para assassinar um lider de uma nação em conflito (o país fictício Matobo).

Assustada, resolver contar o caso para as autoridades. O agente secreto Tobin Keller (Penn) é designado para proteger a moça, mas suspeita que ela possa não estar dizendo a verdade ou escondendo alguma coisa. De fato, ao longo do filme surgem informações que colocam em dúvida a idoneidade de suas informações e intenções. Fatos sobre o passado de Sílvia, como o fato de ser Matobana e ter perdido sua família, fazem com que ela seja suspeita de envolvimento em alguma conspiração internacional.

O filme tem seu tom político ao abordar as questões de violação dos direitos humanos, ditaduras, terrorismo e conspirações. Também conta como fator positivo não ter nenhum "americanismo", ou seja, o filme aborda uma situação sem pender para um determinado ponto de vista ou favorecimentos. Uma trama bem amarrada, mas que às vezes peca por um ritmo lento durante algumas passagens. Algumas ótimas sequências sofrem uma parada brusca para desenvolver mais psicologicamente algum personagem. Existem pelo menos duas cenas de impacto: a sequência inicial no estádio e a espetacular montagem da sequência do ônibus. Só estas já valem pelos momentos de marasmo do filme.


No geral, um bom filme. Na média dos filmes policiais. Comete alguns erros, mas conta uma boa história. Mas deixo bem claro que não é um filme de suspense ou de ação. Uma outra boa razão para assisti-lo é o fato de ter sido o primeiro filme na história a obter autorização para ser filmado dentro da ONU, o que dá um ar mais realista à trama.


Cotação: 8,0

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