O ilusionista (2006)

O ilusionista é um ÓTIMO filme, no qual a mágica e a ilusão são meras ferramentas utilizadas para contar um romance no início do século XX. Ter isso em mente é muito importante para compreender realmente o sentido do filme.

Na trama, um garoto humilde, filho de um carpinteiro, que mora na cidade de Viena se torna um apaixonado por ilusionismo depois de conhecer um mágico itinerante na estrada. Ele se torna amigo de uma jovem chamada Sophie, e a amizade vai se tornando um namoro juvenil. O problema é que Sophie carrega o título de Duquesa Von Teschen, pertencente à família real da Bulgária. Devido as diferenças de classes sociais, os dois são obrigados a se separar.

Sem alternativa, o garoto resolve sair pelo mundo para aperfeiçoar a sua mágica. Aproximadamente 15 anos depois, ele retorna à cidade de Viena como o ilusionista conhecido como Eisenheim. Suas apresentações despertam a curiosidade de um dos mais poderosos e céticos homens da Europa, o Príncipe Leopold, que decide ir ao show de Eisenheim para mostrar que é capaz de desvendar seus truques. Quando surge uma oportunidade de alguém da platéia participar de um número no palco, o príncipe oferece sua noiva Sophie - a antiga namorada de infância de Eisenheim. Eles se reconhecem na hora e inicia-se um romance clandestino.

Certo de que seus truques não passam de fraudes, Leopold convida Eisenheim para uma apresentação para a nobreza disposto a desmascará-lo, mas acaba sendo humilhado na frente de todos. Para piorar, o fiel inspetor Uhl, que tinha como uma de suas obrigações vigiar Sophie a fim de protegê-la, descobre o romance secreto e revela a Leopold. A partir daí, o que já era pessoal vira uma das obsessões de Leopold: assumir o império derrubando seu pai e prender e acabar com a carreira - e se possível a vida - de Eisenheim.

A partir daqui não posso contar mais nada. Apenas rebater várias críticas que li sobre o filme. "O ilusionista" não é um show de mágica. Ponto! Quem quiser assistir a um show de mágica vá a um circo ou a uma apresentação, porque além de tudo vai conferir ao vivo. As reclamações que algumas mágicas não são bem explicadas ou reveladas pra mim não fazem sentido algum. Claro que temos curiosidade de saber como as mágicas funcionam, mas depois que sabemos perdemos totalmente o interesse por elas. E elas acabam perdendo a graça.

Alguns truques mais simples são sim revelados ao espectador, através de alguns dispositivos mecânicos, jogo de espelhos e projetores de vídeo. Sinceramente, nada que não saibamos que existisse. Afinal, estamos falando de mágica, e não de magia. O filme utilizou alguns efeitos especiais sim, como na cena da laranjeira (e volto ao fato de ser um filme, e não um show), mas procurou ao máximo realizar os números de verdade para passar mais credibilidade. Essa informação encontra-se nos extras do filme. Claro que o filme tem problemas. Qual não tem? Mas não são suficientes para estragar a diversão.

Cabe aqui um fato interessante sobre o filme: a crença de algumas pessoas em acreditar que Eisenheim tivesse poderes sobrenaturais. Essa parte é um prato cheio para os espíritas. Mas o tema não é aprofundado, e o próprio Eisenheim durante uma cena faz questão de dizer para a população que todos os seus números são truques de mágica. É interessante ver como temas envolvendo o sobrenatural e espiritismo afetam a vida das pessoas. Como o próprio Eisenheim diz: "O que significa morrer?"

Outro problema é a sua comparação com outro filme de mesma temática que foi lançado no mesmo ano chamado "O Grande Truque", que trata da rivalidade entre dois mágicos. Realmente não há como fugir de uma comparação já que ambos ocuparam as salas de cinema durante quase o mesmo período, e o grande truque levou a melhor. Isso fez com que vários críticos dissessem que o ilusionista era o mais fraco dos dois. Por favor, não comparem! Ainda vou fazer uma crítica sobre este filme, mas já adianto a minha comparação: "O Grande Truque" trata sobre a inveja. "O ilusionista" é um romance. Ainda que com boas doses de suspense, o filme se foca no amor entre Sophie e Eisenheim e sobre o que as pessoas são capazes de fazer para continuarem juntos.

Já o elenco apresenta alguns altos e baixos. Edward Norton é um ator brilhante. Quando assisti ao filme "As duas faces de um crime" e vi a "pegadinha do Mallandro" no final, fiquei impressionado. Ele está muito bem como Eisenheim. Paul Giamatti também está na medida certa como o inspetor Uhl. Já com relação a Rufus Sewell, não gostei de sua atuação. Achei caricato demais como vilão. Jessica Biel é uma espécie de Grazi Massafera americana. Fisicamente e como atriz. É linda e esforçada, o que lhe garante papéis de destaque, mas ainda tem muito o que aprender. E também vai ter que suar bastante para provar aos críticos que é uma boa atriz.

Agora sobre o final do filme. Surpreendente para alguns, previsível para outros. Consequentemente, amado e odiado por muitos. Eu gostei do final, embora tenha sido uma das pessoas que descobriu bem antes o que tinha acontecido. Realmente, várias pistas são mostradas durante o filme e se você prestar bem atenção, vai juntar todas as peças rapidamente. Daí, então, quando voce conferir na tela no melhor estilo CSI e Scooby-doo os flashbacks mostrando todos os fatos ocorridos e como Eisenheim conseguiu realizar seu maior truque de ilusão, ou você vai ficar com raiva por não ter sido surpreendido como gostaria, ou vai ficar surpreso e se perguntando como não tinha reparado nisso antes ou ainda vai ficar com aquele sorriso no rosto, orgulhoso em dizer que matou a charada ou então. Não é essa a graça de uma mágica? Não é essa a graça do filme?
Cotação: 9,0

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