Os Donos da Noite (We Own The Night) - 2007

O longa inicia com uma bela montagem de policiais nova-iorquinos dos anos 1980, para justificar e introduzir o título original do filme ("We Own The Night", que era o slogan da força policial de Nova York durante os anos 80). A história é focada na família de Bob Green (Joaquim Phoenix), filho e irmão de policiais, mas que preferiu seguir uma vida diferente e atualmente dirige uma casa noturna frequentada por traficantes. Bob está satisfeito com sua vida atual e com sua namorada Amada (Eva Mendes). Ele não renega sua família, mas prefere que seu contato seja o mais superficial possível, até mesmo porque seu envolvimento com policiais pode prejudicar sua carreira. Ele inclusive adota o nome de solteiro da sua mãe para não ser ligado ao chefe da polícia (com o sobrenome Grusinsky fica fácil entender o porquê).

Na véspera do feriado de ação de graças (que a julgar pela quantidade de filmes em que é celebrado, nota-se que, ao lado do 4 de julho, é o feriado mais comemorado nos EUA) seu irmão Joseph (Mark Wahlberg) invade a casa noturna e consegue prender o traficante Vadim Nezhinski. Como consequência, Joseph é baleado e fica em estado grave. Como não é só no Brasil que existe uma ajudazinha ao tráfico, policiais corruptos ajudam Vadim a escapar e o traficante resolve fazer duas coisas básicas: (1) um esquema gigantesco de venda de uma nova droga e (2) matar Bobby e sua família. Tais fatos farão com que Bob reveja seus conceitos sobre valores, famílias e o que realmente é importante para ele, e assim resolve ajudar nas investigações inicialmente aceitando depor e posteriormente se juntando à força policial.

A partir daí o filme - que já era bom mas estava morno - melhora muito. O desenvolvimento do personagem Bobby (e a ótima interpretação de Phoenix) é muito bem explorada, ao vermos a mudança na sua relação com seus familiares, namorada e amigos bem como suas atitudes. O personagem Joseph perde um pouco espaço, mas continua importante. Sempre competente, Robert Duvall está ótimo como o pai e chefe de polícia, e Eva Mendes continua cumprindo o seu papel de paisagem, sendo o único trabalho da produção decidir de qual país latino-americano será sua nacionalidade - nesse filme ela é Porto-riquenha. Sem querer ser machista (ela até consegue um destaque dramático no filme) mas quem assistiu ao primeiro minuto do filme entende do que eu estou falando e qual realmente é o papel dela no filme, que faz até uma analogia da atriz com sua personagem dizendo que "ela está lá apenas para divertir os clientes".

Resumindo, o diretor James Gray fez um ótimo policial, bem acima da média, com muita sinceridade e as atuações de Phoenix e Duvall já justificam assisti-lo. Não é uma obra-prima e claro que algumas coisas podiam ter sido melhor exploradas, mas eu penso que a intenção era fazer um filme sobre relações familiares com a polícia como tema dessa relação, e não fazer um "Tropa de Elite" americano sobre corrupção e comportamento dos policiais - até porque tá cheio de filme desse tipo.

Cotação: 8,0

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