[AQUISIÇÕES] Ensaio sobre a cegueira / Busca Implacável

As aquisições do mês (2 filmes por R$12,90 nas Americanas) foram gratas surpresas. Ainda não tinha visto nenhum dos filmes. E gostei bastante dos dois.

Sobre "Busca Implacável" (Taken), foi um filme pouco comentado aqui no Brasil quando passou pelos cinemas em 2008 e praticamente passou batido (inclusive por mim), mas é um grande filme de ação. No elenco, os atores mais conhecidos são Lian Neesson e Famke Janseen (a Jean Grey de X-Men) e, para os fãs de LOST, Maggie Grace (lembra da Shannon?) faz o papel da filha de Neesson.

Na trama, Bryan Mills é um ex-agente do governo, que deixou o emprego para que pudesse passar mais tempo com Kim, a filha que teve com sua ex-esposa Lenore. Um dia Kim pede ao pai autorização para que viaje a Paris com uma amiga, e logo após a chegada Kim e sua amiga desaparecem. Mills então parte para Paris em busca de sua filha usando todos os seus conhecimentos adquiridos como agente.

Claro que temos as famosas situações impossíveis, coincidências improváveis e um espírito Highlander do protagonista, mas o filme prende a sua atenção e é competente no que propõe. O filme lembra a boa época dos filmes de Charlie Bronson como Desejo de Matar, e cuidado para não confundir como filme "Busca Frenética". Este último tem o enredo até parecido - ao invés da filha é a esposa que desaparece em um país europeu, mas é protagonizado por Harrison Ford e é muito chato. Arrisco dizer que "Busca Implacável" é um dos melhores filmes do gênero desta década.

"Ensaio sobre a cegueira" (Blindness) já é bem mais conhecido por aqui, já que o diretor é o brasileiro Fernando Meirelles, teve uma boa divulgação da mídia, possui estrelas como Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael Garcia Beranl e a brasileira Alice Braga, foi escolhido como filme de abertura no Festival de Cannes e é uma adaptação da famosa obra do famoso escritor português Jose Saramago. Ainda assim, o filme sofreu muitas críticas e passou looonge de ser um sucesso de público. Após assistir cuidadosamente o filme, só posso pensar que o filme foi incompreendido e injustiçado.


Na obra, uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira atinge uma cidade. Chamada de "cegueira branca", já que as pessoas atingidas apenas passam a ver uma superfície leitosa, a doença surge inicialmente em um homem no trânsito e, pouco a pouco, se espalha pelo país. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar, as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico (Julianne Moore), que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida.

O filme merece sim ser observado de perto. Vale MUITO como uma obra de reflexão. É uma mistura de "Filhos da Esperança" com "Eu sou a lenda" (sem zumbis). É triste acompanhar como o ser humano vai regredindo e perdendo seu raciocínio, passando a vigorar a lei do mais forte e da sobrevivência, ao mesmo tempo em que são despertados muitos instintos primitivos como violência e abusos sexuais. Tudo é explorado no filme sem exageros, mas sem deixar de mostrar isso de forma clara e verdadeira.

O filme não é perfeito, alguns takes "em branco" foram desnecessários e alguns trechos da obra ficaram de fora (óbvio), mas espero que os que o tenham criticado tenham feito por questões técnicas e que realmente tenham consciência de que as pessoas não agiriam dessa forma em uma situação de calamidade. Não esperem um drama leve. O filme não é sobre cegueira. É sobre o comportamento humano. Sobre a regressão do comportamento humano. Sobre a degradação da humanidade. Assistam o filme, seja qual for a sua opinião, é importante ver a mensagem (forte) que o longa carrega.

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