Crítica: 007 - Operação Skyfall

007 - Operação Skyfall é o 23º longa da lucrativa franquia do espião James Bond nos cinemas, e o 3º com o ator Daniel Craig interpretando o personagem (os anteriores foram o excelente Cassino Royale de 2006 e o fraco Quantum Of Solace de 2008). O filme, ao meu ver, busca modernizar a franquia e ao mesmo tempo homenagear toda a história de Bond e suas origens, e pra isso buscou o experiente diretor Sam Mendes. Ao terminar a sessão, vi mais acertos do que erros.

Como de praxe na franquia, começamos com a pré-abertura, em uma boa sequência de ação na Turquia. Uma cena de perseguição com direito a tiros, acidentes de carro, lutas e "momentos de tensão". A seguir, um dos melhores momentos do filme: o "videoclipe" de abertura, uma fantástica mistura de imagens do filme com animações psicodélicas, embalado pela maravilhosa voz de Adele. Só assistindo pra se ter noção de como ficou legal.

Após a parte inicial, o roteiro se desenvolve da seguinte forma: Bond fracassa em sua missão de recuperar um HD contendo os nomes de outros espiões em ação, comprometendo não apenas a integridade dos agentes como da própria MI6 chefiada por M (Judi Dench), e agora Bond terá que recuperar estes arquivos e encontrar o responsável. O filme ainda reserva boas sequências de ação, mas em relação a quantidade é menor do que os seus dois antecessores. Não cai no exagero como em "Quantum" mas também não são tão empolgantes como em "Cassino". Ainda assim, existe uma bela sequência em Xangai, ambientada em prédios com paredes de vidros iluminadas por Out-doors. Visualmente impecável.

O filme aborda a questão do antigo x novo, moderno x antigo, mas não apenas no quesito tecnológico. Ele busca uma reflexão sobre também a idade dos agentes e comandantes do MI6. Bond precisa provar que ainda tem fôlego físico e mental para continuar sendo um agente de campo. Já em relação a espionagem, característica marcante em vários filmes da série, essa ficou praticamente de fora. A explicação também se dá na busca por tornar a série mais real e verossímil. Não é preciso máscaras, perucas e demais fantasias para ser um espião. Já com relação ao famoso armamento e equipamentos de alta tecnologia, também aqui o filme mantém os pés no chão. O novo armeiro Q (Ben Whishaw) brinca com o assunto perguntando a 007: "o que você estava esperando? Uma caneta explosiva"? 

Sobre as outra duas características marcantes da série: vilões e bond-girls. Com relação às moças, esta é minha maior crítica ao filme. O longa apresenta duas belas mulheres, a policial Eve (Naomie Harris) e a mulher-fatal Severine (a francesa Bérénice Marlohe). Na minha opinião, ambas poderiam ter sido melhor utilizadas ou terem mais tempo em cena. O restante do elenco traz os competentes Ralph Fiennes, Judi Dench e Albert Finney. Todos excelentes, como já era de se esperar. 

Mas se existe algo que faça com que o filme realmente valha cada centavo do ingresso ou a compra do DVD, esse motivo tem nome: Javier Barden. Não me lembro de todos os demais filmes como deveria, mas o vilão Silva certamente entrará na galeria de vilões inesquecíveis. Uma atuação impecável de Barden! O personagem em sua primeira cena, um pouco "afetada", erroneamente dá a entender que seria mais um vilão caricato. Poucos momentos depois, em uma cena na ilha, o personagem mostra toda sua complexidade. Sem adiantar maiores detalhes, suas ações são muito mais convincentes porque ele não quer roubar petróleo, realizar o maior assalto já visto ou dominar o mundo. Ele quer vingança!


Skyfall mostra que 007 está mais moderno, mas preserva sua essência, ao passo em que Daniel Craig firma sua imagem de um agente real. Ele ainda usa os melhores ternos, os melhores carros, conquista as melhores mulheres e consegue resolver as situações mais complicadas, mas pra isso ele precisa trabalhar bastante. Sorte nossa que a MGM conseguiu superar sua crise financeira que quase a obrigou a fechar as portas, pois a franquia ainda tem muito o que render nos cinemas. Prova disso é que Craig já assinou um contrato para mais 2 filmes. Serão bem-vindos.




Comentários