Crítica: Intocáveis

Intocáveis (Les Intouchables) poderia ser um filme sobre preconceito racial, ou um filme sobre as dificuldades dos deficientes físicos, ou ainda um drama daqueles que se aproveitam de tais características de seus protagonistas para ser piegas ou sentimentalista. Nada disso. É um filme sobre amizade. Mais ainda, é um filme baseado em uma história real mostrando que ainda podemos acreditar nas pessoas. Não é só um filme, é uma lição de vida. 

Pela sinopse, o filme tinha sim tudo pra ser um drama daqueles de te fazer chorar o filme todo, mas em momento algum ele precisa ser apelativo.  Um senhor rico que sofreu um acidente e ficou tetraplégico, depois de várias tentativas frustradas de conseguir contratar um profissional para ajudá-lo em seus afazerem, resolve contratar como seu cuidador um jovem negro, pobre, ex-presidiário, sem a menor experiência neste tipo de trabalho. O senhor possui gostos refinados para arte, literatura e música clássica. O jovem gosta de soul music e nunca se importou com cultura artística. Ou seja, são duas pessoas completamente diferentes. Um relacionamento que poucas pessoas hoje em dia apostariam que daria certo. É nesse ponto que o filme consegue ganhar a atenção e a simpatia de qualquer um que o esteja assistindo. 

A dupla de protagonistas beira a perfeição. O papel do milionário deficiente físico Phillipe é feito por François Cluzet, e o papel do senegalês de Driss coube a Omar Sy. François consegue transmitir muito bem a frustação e melancolia de ter se tornado um deficiente físico, já que precisa trabalhar 100% das vezes apenas com sua expressão facial. Já Omar está simplesmente brilhante no papel e digno de ganhar qualquer prêmio da academia, assim como o todo o filme em si. Desde já minha torcida para esta obra vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro, e poderia certamente concorrer e vencer o de melhor filme (mas por ser um filme francês, isso dificilmente seria possível). 

Aliás, deixe qualquer preconceito de lado por ser um filme europeu. O público, principalmente o brasileiro e o americano, possuem como maiores referências de filmes europeus obras consideradas "cult" e os filmes de Pedro Almodóvar e Bernando Bertolucci, sempre carregados de erotismo ou então com foco em enormes diálogos e paisagens. Intocáveis, dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache não contém nenhuma dessas características. É leve, encantador, engraçado em diversos momentos, às vezes até politicamente incorreto, e emotivo na hora certa. Aborda preconceitos e tolerância racial, mas sempre de uma maneira muito sensata e equilibrada. Sem a menor dúvida, o melhor filme do ano e um dos melhores que já assisti.
 
O pôster oficial do filme já mostra o tom da história. Ambos foram fotografados em um momento de descontração. Estão felizes. Eles conseguem firmar uma amizade sincera e verdadeira. Porque em nenhum momento o senhor da alta sociedade se preocupou com a raça, cor ou condição financeira de seu ajudante. Tampouco o rapaz se importou com a deficiência física de seu chefe. Aliás, eles não tinham mais um tratamento de patrão-empregado. Eles se tornaram amigos. Aquela amizade que faz com que um se torne parte da vida de outro, que compartilhemos momentos tristes e alegres, em que um busca ajudar o outro, as diferenças são respeitadas, quando um não apenas aprecia preferências culturais do outro, mas também as aprende e as assimila. Enfim, aquela amizade que todos gostariam de ter uma igual. Eu poderia assistir a esse filme uma vez por mês, e provavelmente em todas as vezes eu terminaria de assisti-lo com o mesmo sorriso no rosto.

Comentários

  1. Eu queeeeero assistir \o/
    Já sei que vou me derramar em lágrimas huhauahuahua

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  2. Esse não posso deixar de comentar, o filme é perfeito, mostra a amizade de uma forma totalmente diferente da que estamos acostumados. Uma verdadeira lição de vida. Recomendo.

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