Crítica: O Hobbit - Uma Jornada Inesperada

O Hobbit - Uma Jornada Inesperada, um dos filmes mais aguardados do ano, marca o retorno de toda a magia envolvendo a Terra-Média e seus personagens místicos retratados na obra literária de J. R. R. Tolkien e imortalizada nas telas pela trilogia O Senhor dos Anéis, retratado pela última vez há nove anos com O Retorno do Rei. Apesar do livro ser praticamente uma obra infantil em um volume único com apenas 298 páginas, as aventuras de Bilbo Bolseiro serão divididas em três filmes,  filmados ao mesmo tempo, com intervalos de um ano entre suas exibições. Portanto em 2013 teremos a segunda parte da trilogia: A Desolação de Smaug, e em 2014 sua conclusão com Lá e de Volta Outra Vez. 


O Hobbit é tudo aquilo que os fãs mais exaltados estão elogiando. E também é um pouco do que os críticos estão reclamando. Dividir um livro em 3 filmes já lhe remete a sensação ou de será preciso "encher linguiça" ou então que o nível de detalhes será elevado. Ainda mais só o primeiro filme tendo 169 minutos de duração. Pra mim encher linguiça é colocar um monte de cenas e informações que nada acrescentam à história, como diálogos sem fim ou aquelas explicações acadêmicas enormes sobre cada coisa que acontece em cena. Isso não acontece tanto quanto estão reclamando por aí. 

Agora, que o ritmo do filme se torna lento um pouco além do necessário, não há como negar, mesmo você curtindo cada cena. Se você gostou de assistir as versões estendidas de LOTR, com mais de 12 horas de duração, não irá se importar nem um pouco com a duração desse filme. Realmente, algumas coisas poderiam ter sido um pouco condensadas e a duração final ter sido um pouco menor. O problema pra mim não foi a duração excessiva, mas como ela foi preenchida. Esta divisão em 3 partes fez com que algumas partes ficassem um pouco cansativas, com aquela impressão que poderiam ter sido otimizadas ou reduzidas que não prejudicaria em nada o resultado final. Pessoas que estão acostumadas com filmes com duração padrão de 2 horas vão sentir um pouco mais esses efeitos. Mas se alguém não gostou de acompanhar histórias medievais com anões, magos, elfos, dragões e criaturas mágicas, o que está fazendo lendo isso aqui?

Inúmeros problemas quase fizeram com que este filme não fosse realizado, desde problemas financeiros com o estúdio MGM, brigas envolvendo questões de direitos familiares com os familiares de Tolkien, doenças e divergências salariais com atores e até a troca de diretor. Talvez todos estes problemas tenham sido a motivação necessário ou destino para que o longa pudesse ser concluído nas mãos do mesmo diretor da trilogia d'O Senhor dos Anéis (vou abreviar para LOTR - Lord Of The Rings, pra facilitar), Peter Jackson. Com o avanço da tecnologia, algumas diferenças puderam ser exploradas melhor para os novos filmes, como o uso do 3D e uma nova tecnologia de resolução de imagem em 48 quadros por segundo (fps). Esta tecnologia dobra a o grau de definição anterior (24 fps), podendo ser considerada uma altíssima definição. Por ser um dos primeiros filmes a explorar este novo recurso, grande parte dos cinemas não possuem suas salas com equipamentos de projeção preparados para exibir o filme com esta imagem, então muitos de nós iremos assistir o filme na sua velocidade "normal". Como estou incluído nesta parcela da população, não irei julgar sobre esta novidade. O 3D é ótimo, acrescentando uma excelente noção de profundidade.

De qualquer forma, em questão de tecnologia o filme realmente aproveita o que existe de melhor. Imagens belíssimas, cenários fantásticos, os lugares que nos acostumamos a ver em LOTR como o Condado ou Valfenda estão com níveis de detalhes excelentes. O avanço da computação gráfica também é evidente em personagens como trolls e com o famoso Gollun/Sméagol (novamente "interpretado" por Andy Serkis por meio de captura de movimentos), com uma riqueza de movimentos e expressões faciais impressionantes. Sobre orcs, anões e elfos, nenhuma novidade - também não tinha o que acrescentar.

Uma coisa que pra alguns pode parecer óbvio, mas muita gente não entende (e por isso Peter Jackson se viu praticamente obrigado a inserir um prólogo no filme deixando isso claro): O Hobbit NÃO É um Senhor dos Anéis 4. Esta história se passa antes de Bilbo (Ian Holm) entregar o anel para seu sobrinho Frodo (Elijah Wood - ou a maquiagem está perfeita demais ou esse cara não envelhece) e iniciar toda aquela jornada épica contra Sauron e seu exército. Mas isso não quer dizer que estes são tempos de paz. É mais ou menos algo parecido com Star Wars: primeiro vimos os episódios 4, 5 e 6 pra anos depois vermos os episódios 1, 2 e 3.

A partir desse prólogo, o filme deixa claro que a festa de aniversário dará início a LOTR, enquanto se voltarmos 60 anos no tempo, veremos o jovem Bilbo (Martin Freeman) calmamente no Contado e que, após a visita de Gandalf, o Cinzento (Ian McKellen), resolve viver uma vida de aventuras ao lado do mago e de 13 anões: Bofur, Ori, Kili, Fili, Dwalin, Oin, Bombur, Dori, Gloin (pai de Gimli), Balin, Nori, Bifur e, por fim, seu líder Thorin, Escudo-de-Carvalho (Richard Armitage). Os anões se reúnem porque é chegada a hora de reconquistar seu lar Erebor, na montanha solitária, que foi conquistada pelo dragão Smaug. E pra isso, precisarão da ajuda de um "ladrão", que seja pequeno a ponto de passar despercebido. E ninguém melhor do que um hobbit para esta função. Durante jua jornada, também revemos outros personagens marcantes, e finalmente iremos acompanhar uma reunião do conselhor branco formado por Gandalf, Elrond (Hugo Weaving), Galadriel (Cate Blanchett) e Saruman (Christopher Lee - com 90 anos de idade).

Em tese, O Hobbit nem precisaria ter uma ligação direta com LOTR (o livro LOTR veio bem depois) já que possui suas próprias aventuras, mas o diretor fez questão de incluir várias referências e elos de ligação entre os filmes. Você também não precisa ter visto a trilogia LOTR antes de ver O Hobbit. Se assistiu, ótimo. Se não assistiu, é uma excelente oportunidade de ver. Aliás, vai ser legal ver LOTR DEPOIS do Hobbit ou aproveitar para rever um pouco antes pra prestar atenção em alguns fatos que foram apenas citados durante A Sociedade do Anel e que agora são explicados (como a cena dos 3 trolls de pedra). 

Eu me lembro, principalmente na época do lançamento do filme As Duas Torres, que muitos criticaram por não ter final, terminar "do nada", coisa e tal. Já ao final da exibição de O Retorno do Rei, todos confirmaram que os longas anteriores foram necessários para tornar aquela jornada nada menos do que épico. Portanto, antes de criticarem o filme, lembrem-se que ele não é uma obra isolada e que muita coisa ainda está por vir. Então, assisti o Hobbit com a mesma cautela. Sou fã da saga e não me decepcionei em absolutamente nada com esta primeira parte, pois já sabia o que ia encontrar. O filme é mais carregado no humor, mas por algumas cenas já começamos a ver que a tendência é ficar mais sério e sombrio. Pode até não acrescentar muitas novidades (fora a nova tecnologia), mas é muito bom poder acompanhar estas novas aventuras. Acredito que todos os fãs irão gostar do resultado, assim como eu adorei. Mas se você é fã da saga ou nerd convicto, não precisa de uma crítica para motivar você a sair correndo pro cinema e saber que vai gostar do resultado. 

Comentários

  1. Concordo plenamente com sua crítica a respeito do filme e minha primeira opinião quando ouvi que o livro seria dividido em uma trilogia nos cinemas foi de que encheriam linguiça, para quem leu o livro sabe do que estamos falando, até pelo próprio filme. afinal ao fim Smaug já está acordando e eles já estão vendo a montanha ao horizonte, o que me leva a crer que é um curto espaço (físico) no filme a ser percorrido em 2 filmes, porem como fan é ótimo saber que haverá mais filmes (risos). O que me faz acreditar que eles vão tentar mostrar como tudo começou de novo, e quando falo isso falo a respeito de sauron voltar das cinzas, que no LOTR não explica, então isso já pode preencher um pouco os demais filmes sem se tornar cansativo ou até repetitivo. Parabéns pela critica Casillo.

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