Crítica: A Origem dos Guardiões

As crianças do mundo inteiro são protegidas por um seleto grupo de guardiões: Papai Noel, Fada do Dente, Coelho da Páscoa e Sandman. São eles que garantem a inocência e as lendas infantis. Mas um espírito maligno, o Breu, pretende transformar todos os sonhos em pesadelo, despertando medo em todas as crianças. Para combater este adversário poderoso, a Lua designa um novo guardião para ajudar o grupo: Jack Frost, um garoto invisível que controla o inverno. Sem conhecer sua própria vocação de guardião, ele embarca em uma aventura na qual vai descobrir tanto sobre as crianças quanto sobre seu próprio passado. Baseado na série de livros 'The Guardians of Childhood', de William Joyce e produzido por Guillermo Del Toro. 

Mesmo que nem todos os personagens façam parte da nossa "mitologia" e lendas de infância, acredito que todos os guardiões irão agradar a quem assistir ao filme. E se você ainda não conhecia Sandman ou Jack Frost, o filme te apresenta bem os personagens (o Jack Frost nem as crianças do filme o conhecem mesmo...). E o Sandman é de longe o mais carismático do filme - gordinhos são sempre os mais simpáticos =D


Enquanto as crianças acreditarem em Papai Noel, no coelhinho e nas demais "lendas", significam que ainda possuem aquela alma pura de uma criança. O primeiro sinal de maturidade de uma pessoa é quando ela deixa de acreditar nestes personagens de uma maneira sem traumas, aptas a receber novas orientações quanto a educação, moral, estudos e responsabilidades (ou você acha que uma criança de 4 anos vai entender numa boa que precisa ser boazinha e estudar bastante para ter uma boa profissão e ser alguém na vida? É claro que ela precisa de uma forma mais lúdica de começar a adquirir tais valores, e isso vem na crença de ganhar presentes e ovos de outras entidades). É inegável a importância de tais contos para as crianças. 

Uma das abordagens do filme é o problema delas deixarem de acreditar nestas fábulas cedo demais, sem adquirir a tal maturidade para isso. A desilusão de uma criança e o desapontamento por não receber aquela recompensa ou pensar ter sido enganada é o início de uma perigosa fase de depressão, rebeldia e "malcriação". E nesse mundo mordeno de hoje, onde não duvido nada que uma criança curiosa de 5 anos, mal aprendendo a escrever, já corra pro Google e escreva "papai noel existe?", era preciso alguma coisa que faça reascender essa magia. Nada mais justo que "modernizar" a coisa.

Entram em cena então os guardiões. Não do tipo velhinhos bonzinhos e coelhinhos fofos. Papai Noel (chamado de Norte) é todo tatuado e carrega espadas afiadas, o Coelhinho da Páscoa (que tem 1,85m de altura e é chamado de Coelhão) usa sempre um bumerangue, a Fada do Dente é na verdade a chefe de uma equipe de fadinhas que parecem beija-flores, e embora não possua armas é muito agil, e Sandman (o mais querido pelo grupo e apelidado de Sandy) não fala, mas se comunica (e luta) através de imagens formadas por suas areias do sono, que garantem as cenas mais lindas no quesito visual. 

Todos possuem - além das já famosas funções de chefes de fábrica de presentes, ovos, compra de dentes e produção de sonhos felizes - o papel de proteger as crianças enquanto estas ainda possuem a inocência peculiar da idade. Mas quando Breu - o Bicho-Papão - consegue colocar em prática seu plano para que as crianças deixem de acreditar nos guardiões e assim os personagens desaparecerem, a lua se encarrega de convocar um novo guardião: Jack Frost. Agora é com a sinopse e com você, que com certeza deve assistir.

A Dreamworks acerta mais uma vez. No carisma dos personagens. Na história simples, com as famosas lições de moral para crianças, mas com muitas tiradas de humor que também vão satisfazer os mais velhos. No visual impecável. Nos personagens secundários engraçados como os Yetis e os duendes. No ótimo uso do 3D, tanto em efeitos pop-up como em profundidade. Algumas pessoas podem não gostar, achar conservador, achar um erro que personagens infantis assumam perfis guerreiros, coisa e tal. Mas eu me diverti muito assistindo ao filme, que tem grandes possibilidades de se tornar uma franquia (vide Shrek ou Madagascar) e recomendo.

Elenco (vozes): Papai Noel: Alec Baldwin/Sergio Fortuna. Coelhão: Hugh Jackman/Alexandre Moreno. Breu: Jude Law/Jorge Lucas. Jack Frost: Chris Pine/Thiago Fragoso. Fada do Dente: Isla Fisher/Isabelle Drummond. Sandman: não fala =D
 




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