Crítica: Os Penetras

Os Penetras é uma boa surpresa no cenário nacional em 2012, mostrando que ainda existe a esperança de comédias que não precisam apelar para piadas de gosto duvidoso, cenas gratuitas de nudez e sexo e escatologias. O maior ponto fraco do filme é que ele não faz rir tanto quanto poderia, mas ainda assim tem seu valor e pode ser visto por (quase) todas as idades como um bom entretenimento.

Os protagonistas do longa são Marcelo Adnet (da MTV) e Eduardo Sterblitch (o César Polvilho/Fred Mercury Prateado do Pânico), dois ótimos e carismáticos comediantes. Somente esses nomes já seriam o principal chamariz para um filme de humor. Mas, como citei anteriormente, o filme não é uma comédia escrachada nem uma junção de situação no estilo quadros do Zorra Total ou invasões do Pânico. 

Acerto para alguns, erro para outros, mas o diretor Andrucha Waddington resolveu contar e desenvolver uma história com um tema central. Mas se eu tivesse que classificar o filme, diria que é uma "homenagem" ou um Ode à malandragem carioca. Do início ao fim, acompanhamos diversos tipos de malandros tentando aplicar golpes no Rio de Janeiro. Golpes esses que variam desde enganara turistas, usar o jeitinho brasileiro para se livrar de situações complicadas ou não pagar contas, ou a prática que ilustra o título do filme - entrar em festas sem ser convidado. E não é qualquer festinha de aniversário ou casamento, amigo. É festa da alta sociedade. E com estilo!

A dois dias do Réveillon, o apaixonado Beto (Eduardo Sterblitch) vai ao Rio de Janeiro tentar reatar com sua namorada Laura e, desprezado, tenta o suicídio. Quem o salva é o vigarista Marco Polo (Marcelo Adnet), que promete ajudá-lo a reatar com a amada. Quando Marco encontra Laura (Mariana Ximenes), ele também se apaixona pela jovem. Mas Laura já está em um novo relacionamento com um figurão ligado ao Governo. Então, junto a seu comparsa Nelson (Stepan Nercessian), Marco e Beto usam todos os truques possíveis para invadir as festas da alta sociedade carioca. 

Vou dizendo pela terceira vez que você NÃO VAI rir o tempo todo. Comece a assistir ao flime sabendo disso e vai conseguir aproveitá-lo melhor. Existem sim boas situações que vão provocar risadas, mas o filme tem seus momentos mais sérios ou aquelas partes de contexto necessárias para o desenrolar da história. Outro ponto positivo é que o filme flui rápido, sem ficar enrolando ou remoendo situações. Sterblitch não se resume a apenas as famosas caretas e bobagens em seu papel de otário. Em algumas cenas mais dramáticas ou melancólicas ele se sai muito bem. Adnet também parece estar mais a vontade no papel de malandro do que naquilo que não posso chamar de filme conhecido por Agamenon. 

Sobre o restante do elenco, Ximenes faz bem o que precisa em seu papel, que é ser linda. Stepan está ótimo e traz a experiência necessária como coadjuvante de luxo. Como de praxe, temos participações de atores globais, como Luis Gustavo, Luís Carlos Mielle, Andrea Beltrão, Babu Santana, Kate Lyra, Juliana Schalch, Caio Junqueira e Gugu Madeira e Susana Vieira, num papel que, além de não agregar nada ao filme, parece ter sido simplesmente deixado de lado, sem desfecho. O final do filme deixa bem claro que pretende gerar uma continuação (e esse final "sem final" não fez bem para o filme), então quem sabe sua personagem assuma alguma maior importância. Também somos apresentados a uma bela personagem russa Svetlana interpretada por Elena Sopova.

 Então, se você quiser assistir a um filme despretensioso, curtinho, sem apelações, e que vai te entreter, pode assistir ao filme sem medo. Claro que o resultado poderia ser bem melhor levando-se em consideração o talento e a veia cômica dos atores principais, mas não é tão decepcionante assim. Fazendo comparações com comédias nacionais de 2012, eu gostei mais desse aqui do que "E aí, comeu?", mas menos do que "Até que a sorte nos separe". Como um bônus ou "prêmio de consolação", alguns erros de gravação - que costumam às vezes serem mais engraçados do que o próprio filme - aparecem após a primeira sequência de créditos.

Comentários

  1. Como já comentado pelo que se espera das comédias brasileiras, o filme me chamou mais a atenção pela participação do Eduardo Sterblitch, que pela possibilidade de ter uma boa estória. Depois da sua crítica, ganhou um pouco mais de crédito \o/
    Quero assistir!!

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