Crítica: O Voo

O Voo (Fligth) acompanha o Comandante 'Whip' Whitaker (Denzel Washington), um alcoólatra não assumido que se torna um herói norte-americano ao conseguir pousar um avião comercial após uma falha no sistema, mesmo sobre a influência de drogas e álcool no momento do acidente. Mas ele terá que lidar com sua culpa e será julgado em virtude do acidente ter causado vítimas fatais. Dirigido por Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro, Forrest Gump, Náufrago, etc), que volta a dirigir filmes com atores reais após uma sequência de filmes de animação (O expresso polar, A lenda de Beowulf, Os fantasmas de Scrooge).

Particularmente, achei o filme muito bom. Uma produção bem feita, focada quase que exclusivamente no Cmte. 'Whip'.  Denzel Washington (Dia de treinamento, Chamas da Vingança, Déjà Vu, etc) há algum tempo estava devendo uma boa atuação, e aqui consegue muito bem lidar com a dor de seu personagem, sendo indicado ao Oscar de melhor ator em 2013. Até se tenta criar uma história paralela para dividir a atenção do público com a história de Nicole (Kelly Reilly - muito bem no filme, contribui para a história, mas poderia ter sido melhor aproveitada no final), um pouco da relação de Whip com seu filho e a relutância em aceitar e se entender com seu advogado (Don Cheadle), mas o filme é praticamente solo de Denzel. E por ele segurar bem o filme inteiro, transmitindo bem seus problemas, conflitos e sentimentos, se justifica sua indicação ao prêmio de melhor ator. Completam o elenco de coadjuvantes o hilário John Goodman como Harling Mays, James Badge Dales, Bruce Greenwood, Melissa Leo, Tamara Tunie e Nadine Velazquez (a aeromoça que possui envolvimento amoroso com Whip).

O longa começa muito interessante e a sequência dos problemas enfrentados no avião até sua iminente queda prende completamente a atenção do espectador (isso não é spoiler, ok? a queda está no cartaz do filme) . Até esse ponto o filme é espetacular, mas é preciso se lembrar que o filme é um drama sobre a vida do piloto após o acidente, e não um filme de ação sobre a queda de um avião. Após a queda, o filme se concentra mais no drama de Whip, suas angústias, culpas, problemas pessoais e sociais, sua luta em aceitar quem ele realmente é, o limite entre sua liberdade e sua dignidade. Nesta parte, aumenta muito a quantidade de diálogos e muda o ritmo, mas pra quem leu a sinopse isso já era esperado. Mas mesmo com a presença de advogados, processos e julgamentos, o filme não se torna um drama político ou um "filme de tribunal". De quebra, aborda de uma forma bastante sincera e real os problemas do alcoolismo. Politicamente bem incorreto em alguns (ou vários) momentos, mas sem hipocrisia, apologia, ufanismo ou sentimentalismo, é um filme que merece ser visto. Entre um filme de ação e uma comédia romântica, abra espaço para filmes sérios e competentes como este.



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