Birdman Ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) - 119 min, dirigido por Alejandro González Iñárritu, é uma comédia de humor negro que conta a história de um ator (Michael Keaton) – famoso por interpretar um icônico super-herói – enquanto ele faz de tudo para montar uma peça na Broadway. Às vésperas da estreia, ele vai lutar com seu ego e tentar recuperar sua família, sua carreira e ele mesmo.
Birdman é um filme independente, que provavelmente seria um daqueles filmes cult pouco conhecidos se não fosse o Oscar e todas as outras (justas) premiações. O que o fez com que o filme se destacasse e ganhasse tantos prêmios? Basicamente, a atuação de Michael Keaton, a sua história autocrítica e o jogo de câmeras. Mas não é um filme de massas. Não que o público em geral seja ignorante, mas é que o filme trata-se de um ensaio sobre o ego, os bastidores de Hollywood e Broadway e os conflitos internos e externos dos atores e, porque não, uma crítica aos críticos. Muitas vezes o filme usa metalinguagem, fantasia misturada com realidade, diálogos filosóficos e outros recursos de cena e câmera que às vezes fazem com que o filme vire uma mistura de peça de teatro, making-of e um documentário de bastidores. Isso certamente ganhou os críticos de cinema por ser inovador, mas afasta as pessoas que vão assistir ao filme em busca de uma história linear ou diversão.
Como exemplo do que citei a pouco, tomamos como base a sinopse original, que vende o filme como uma "comédia de humor negro". Tanto que nas premiações separadas por gênero, como o Globo de Ouro, o longa foi indicado na categoria de melhor filme de comédia ou musical. Então aqui vale o aviso: você vai rir em pouquíssimas cenas. Pode achar graça do modo como Hollywood consegue criticar a si mesmo ou quando citam o nome de atores famosos como maus exemplos. São na maioria das vezes piadas no estilo stand up comedy, no qual o comediante conta situações engraçadas ou constrangedoras de sua vida. Nada de comédia estilo pastelão. Longe disso! E de humor negro também tem muito pouco. É um filme irônico, inteligente, crítico. Não creio que seja um filme para se divertir, mas sim para pensar.
Na trama, acompanhamos Riggan Thomson (Keaton), um ator famoso nos 90 por interpretar um super-herói chamado Birdman (dã) mas que agora, em decadência, resolve montar uma peça teatral na Broadway em busca de voltar a ter prestígio no meio artístico e provar para a crítica e público que tem talento.
Aqui entra a primeira auto-alfinetada sobre atores que atingiram sucesso e fortuna interpretando personagens de super-heróis, gerando uma polêmica enorme dos bastidores de Hollywood. Muitos acham que, por ser um personagem querido dos quadrinhos, é mais fácil atingir popularidade, e que esse tipo de papel não necessita de muito talento nem demonstrar todas as suas habilidades "dramáticas", não sendo portanto uma opção muito respeitável. Interessante como o próprio ator principal do filme (Keaton) tem como um de seus principais papéis ter sido o Batman do filme homônimo de 1989, assim como o ator coadjuvante Edward Norton já foi o Hulk.
Particularmente, não concordo com esse ponto de vista. É inegável que hoje em dia os filmes de heróis estão na moda e no auge e por esse motivo deixam seus intérpretes em evidência, mas isso não prova nem denigre o talento de ninguém. Robert Downey Jr., por exemplo, é conhecido por todos por ser Tony Stark / Homem de Ferro (ele praticamente interpreta a si mesmo), mas bem antes disso ele já tinha recebido um Oscar de melhor ator por Chaplin.
Voltando ao filme, além de montar, dirigir e atuar na peça, Riggan ainda precisa combater os egos dos outros artistas (segunda grande alfinetada, citando atores novos e conhecidos), conseguir atores de peso que chamem o público (terceira crítica, nome tem mais peso que talento), resolver problemas familiares, principalmente com sua filha ex-viciada (quarta crítica, quando a carreira sobrepõe sua vida pessoal e familiar), e ainda ouvir uma voz estranha como uma "consciência", que mais abaixa sua auto-estima do que lhe aconselha (quinta crítica, atores que incorporam de tal forma que não conseguem se livrar do personagem).
Ótimos atores completam o elenco, como Emma Stone (indicada ao Oscar por esse papel), Edward Norton, Naomi Watts (notei no filme uma "homenagem / referência" ao famoso "Cidade dos Sonhos") e Zach Galifianakis em um papel mais sério do que nos acostumamos em "Se beber não case". Mas quem realmente dá um show de interpretação é Keaton. Se não fosse Eddie Redmayne e seu Stephen Hawking, certamente o Oscar de melhor ator estaria em suas mãos, e seria muito merecido pelo que fez em cena.
Por último, o filme ganhou muitos pontos pelo modo com que foi filmado. O jogo de câmeras seguindo os atores e corredores do teatro é algo muito legal de acompanhar (pra mim, a melhor coisa do filme), e a trilha sonora (destaque para uma ótima cena da bateria) dá o tom que o filme pede. Para quem gosta de ver coisas inovadoras no cinema, é uma ótima pedida. Para quem não curte filme diferentes, dê uma chance ao filme, mas esteja avisado.
Aqui entra a primeira auto-alfinetada sobre atores que atingiram sucesso e fortuna interpretando personagens de super-heróis, gerando uma polêmica enorme dos bastidores de Hollywood. Muitos acham que, por ser um personagem querido dos quadrinhos, é mais fácil atingir popularidade, e que esse tipo de papel não necessita de muito talento nem demonstrar todas as suas habilidades "dramáticas", não sendo portanto uma opção muito respeitável. Interessante como o próprio ator principal do filme (Keaton) tem como um de seus principais papéis ter sido o Batman do filme homônimo de 1989, assim como o ator coadjuvante Edward Norton já foi o Hulk.
Particularmente, não concordo com esse ponto de vista. É inegável que hoje em dia os filmes de heróis estão na moda e no auge e por esse motivo deixam seus intérpretes em evidência, mas isso não prova nem denigre o talento de ninguém. Robert Downey Jr., por exemplo, é conhecido por todos por ser Tony Stark / Homem de Ferro (ele praticamente interpreta a si mesmo), mas bem antes disso ele já tinha recebido um Oscar de melhor ator por Chaplin.
Voltando ao filme, além de montar, dirigir e atuar na peça, Riggan ainda precisa combater os egos dos outros artistas (segunda grande alfinetada, citando atores novos e conhecidos), conseguir atores de peso que chamem o público (terceira crítica, nome tem mais peso que talento), resolver problemas familiares, principalmente com sua filha ex-viciada (quarta crítica, quando a carreira sobrepõe sua vida pessoal e familiar), e ainda ouvir uma voz estranha como uma "consciência", que mais abaixa sua auto-estima do que lhe aconselha (quinta crítica, atores que incorporam de tal forma que não conseguem se livrar do personagem).
Ótimos atores completam o elenco, como Emma Stone (indicada ao Oscar por esse papel), Edward Norton, Naomi Watts (notei no filme uma "homenagem / referência" ao famoso "Cidade dos Sonhos") e Zach Galifianakis em um papel mais sério do que nos acostumamos em "Se beber não case". Mas quem realmente dá um show de interpretação é Keaton. Se não fosse Eddie Redmayne e seu Stephen Hawking, certamente o Oscar de melhor ator estaria em suas mãos, e seria muito merecido pelo que fez em cena.
Por último, o filme ganhou muitos pontos pelo modo com que foi filmado. O jogo de câmeras seguindo os atores e corredores do teatro é algo muito legal de acompanhar (pra mim, a melhor coisa do filme), e a trilha sonora (destaque para uma ótima cena da bateria) dá o tom que o filme pede. Para quem gosta de ver coisas inovadoras no cinema, é uma ótima pedida. Para quem não curte filme diferentes, dê uma chance ao filme, mas esteja avisado.
Não tem como não rir do papel do Keaton, tão a cara dele. Excelente crítica!
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