Crítica: A Teoria de Tudo

A Teoria de tudo (The Theory of Everything - 123 min) é baseado na biografia do astrofísico Stephen Hawking (interpretado por Eddie Redmayne) escrita por sua primeira esposa Jane Wilde (interpretada por Felicity Jones). O longa aborda a vida do cientista a partir da época da faculdade, quando começou suas pesquisas sobre o espaço-tempo, conheceu Jane e descobriu que tinha uma doença degenerativa do neurônimo motor.

O filme começa em 1963, quando Stephen, ainda estudante de cosmologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, está buscando uma explicação simples para o surgimento do universo relacionada a buracos negros. Um detalhe importante, o filme aborda essa parte técnica de maneira superficial, portanto se você não é da área de física não se preocupe, porque o filme está mais focado no seu relacionamento e na sua luta contra a doença do que com a parte científica. Nesta mesma época ele conhece e se apaixona pela estudante de artes Jane Wilde. 

Aos 21 anos de idade, após sentir tremores e dificuldade de locomoção, Stephen recebe o diagnóstico de que possui uma doença neuromotora degenerativa (hoje conhecida como ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica), que paralisa seus músculos gradativamente, com perspectiva de vida de somente dois anos. No entanto, o cérebro não é afetado por essa doença, permanecendo intacto e ativo. A partir desse momento, o filme mostra uma fantástica história de superação e motivação de Stephen e Jane, que decidem se casar e lutar juntos contra a doença. 

Enquanto Stephen vai sentindo cada vez mais os efeitos da doença, ele avança em seus estudos científicos, obtendo respeito e credibilidade na comunidade acadêmica, concluindo seu doutorado (deve ter sido a defesa mais rápida da história) e sendo reconhecido mundialmente. Ao mesmo tempo, mostra as dificuldades de Jane em cuidar de Stephen e de seus filhos e conciliar seu casamento difícil com seus estudos. Após uma acentuada piora em sua doença, Stephen é obrigado a realizar uma traqueostomia, perdendo a capacidade de falar. Utilizando apenas um dedo, escrevendo uma letra de cada vez (de uma a quatro palavras por minuto), Stephen consegue escrever e publicar uma de suas mais importantes obras: "Uma breve história do tempo" .

Considero o filme indispensável. Por conhecer a história de vida de um dos maiores gênios da ciência, muitas vezes dono de opiniões fortes e polêmicas, principalmente no quesito ciência vs. religião (bastante amenizada no filme). Compreender, pelo menos um pouco, sobre as contribuições de Stephen para a física. E conferir duas interpretações fantásticas. Eddie Redmayne e Felicity Jones estão perfeitos e brilhantes. Eddie ganhou o Oscar de melhor ator - absolutamente merecido - por este papel, enquanto Felicity foi indicada, mas perdeu para a também brilhante Julianne Moore (que venceu por Para sempre Alice, mas ganhou mesmo pelo conjunto da obra, já que nunca tinha recebido o prêmio anteriormente e a Academia estava louca para corrigir essa injustiça). Eddie está incrivelmente convincente e parecido com Stephen, no que provavelmente deve ser o papel de sua vida. Já Felicity consegue transmitir toda a emoção de sua personagem. Dois atores ainda praticamente no início de suas promissoras carreiras, o que mostra que, nas mãos de um bom diretor e um bom roteiro *, ainda teremos muitas boas surpresas no cinema.

Vale lembrar novamente que o filme é completamente baseado no livro de memórias 'Travelling to Infinity: My Life with Stephen', de Jane Hawking. Este motivo explica a abordagem mais voltada para sua vida particular, particularmente os impactos da doença e de seus estudos no seu casamento e a dedicação, sofrimento e abnegação de Jane. Mas esta foi uma biografia autorizada por Stephen, que assistiu ao filme e comentou que em alguns momentos achou que estava realmente assistindo a si mesmo.  

* Impressionante como Eddie conseguiu ser tão perfeito nesse papel e ter sido tão, mas tão insuportavelmente ruim em O Destino de Júpiter.  Prova de que quando a história ou o papel é ruim, às vezes nem o talento do ator compensa. 




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