Crítica: Minions

Minions (Minions, 2015) 104 min. Seres amarelos unicelulares e milenares, os minions têm uma missão: servir os maiores vilões. Em depressão desde a morte de seu último chefe, eles tentam encontrar um novo chefe. Três voluntários, Kevin, Stuart e Bob, vão até uma convenção de vilões e lá se encantam com Scarlet Overkill, que ambiciona ser a primeira mulher a dominar o mundo.

Antes de qualquer coisa, se você não gosta destas criaturinhas amarelas estranhas que não se entende quase nada do que eles falam, não há nada que eu ou qualquer pessoa diga que te fará mudar de opinião e gostar desse filme. Se você acha que são carismáticos, bonitinhos, engraçados e só o fato deles aparecerem na tela fazendo besteira já é suficiente, pode comprar o ingresso. Agora, se somente a presença deles não é suficiente pra você, provavelmente vai gostar de algumas partes e ficar entediado em outras.

Deve ser levado em consideração que Minions é sobretudo um filme infantil. Apesar dos personagens praticamente terem sido adotados como mascotes da Universal (aliás, substituir a famosa trilha de abertura da Universal pela canção dos Minions foi uma sacada excelente e uma das melhores coisas do filme) e conquistado muito adulto por aí, penso que o filme foi feito mais para as crianças se divertirem do que para os adultos. E criança não se importa muito com roteiro consistente ou com uma história inteligente. 

Pra quem não viu os trailers antes do filme, os primeiros 15 minutos se tornam muito engraçados e, se o filme fosse um curta, só isso já seria excelente e valeria todo o filme. Mas para quem teve a infelicidade de conferir o trailer antes, acabou se tornando apenas uma versão ou pouquinho mais estendida e narrada das melhores cenas, e acaba perdendo um pouco o impacto. Aliás, boa parte do filme possui um narrador, o que é compreensível para as crianças mas completamente descartável se o público-alvo fosse outro. A partir do momento que essa parte inicial que brinca com os Minions ao longo da história e do tempo muda o foco, e o meio do filme acaba se tornando monótono, principalmente após entrar em cena a vilã Scarlet Overkill (voz original de Sandra Bullock, dublagem de Adriana Esteves), que não funciona e só está lá porque o filme tem que ter um vilão (mau) principal. Entendo que o caso é diferente de Meu Malvado Favorito, que o "vilão" é o protagonista e de mau ele não tem nada, mas mesmo sem querer comparar os dois casos, a vilã é decepcionante. O final melhora um pouco, quando o filme faz mais uma ligação de seu spin-off com a obra original.

O filme tem sim ótimas piadas rápidas e cenas engraçadas com referências e mensagens destinadas ao público um pouco mais adulto, brincando com a cultura americana e inglesa dos anos 60. Cenas como a dos Beatles, a do homem na lua, Orlando pré-Disney são as que funcionam melhor, além daquelas com hidrantes e bananas que o trailer também entregou antecipadamente. Para os mais pequenos, que provavelmente não vão compreender as referências, vão se divertir com a presença dos personagens em praticamente todas as cenas do filme e isso já deve ser suficiente. 

Por isso, parece que os roteiristas, conscientes de que não era necessário muito mais do que algumas gags visuais e situações cômicas, resolveram ser preguiçosos e entregaram uma história fraca. Ficou a sensação de que tanto faz o filme ser bom ou não para o público adulto, já que as crianças vão assistir o filme de qualquer jeito, os Minions voltam à mídia, garantem milhares de produtos à venda e faturam milhões de dólares em bilheteria e direitos com marca registrada. Senti mais ou menos o mesmo problema de Os pinguins de Madagascar. Mesmo sabendo que o filme é infantil e as crianças estão gostando, por também gostar dos amarelinhos, eu gostaria de algo a mais. Acho que me acostumei mal com os filmes inteligentes da Pixar, que sabem dosar filmes de animação para todos os públicos. Vale como uma diversão descompromissada no fim de tarde. Mas, no fim, apesar de algumas boas risadas, fica a sensação que poderia ter sido melhor aproveitado devido ao potencial e carisma dos personagens. 

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