Crítica: O Exterminador do Futuro Gênesis


O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys, 2015) 125 min. Quando John Connor (Jason Clarke), líder da resistência humana, envia o Sargento Kyle Reese (Jai Courtney) de volta para 1984 para proteger Sarah Connor (Emilia Clarke) e salvaguardar o futuro, uma mudança inesperada nos acontecimentos cria uma linha do tempo fragmentada. Agora, o Sargento Reese se encontra em uma nova e desconhecida versão do passado, onde ele encontra aliados improváveis, incluindo o Guardião (Arnold Schwarzenegger), novos e perigosos inimigos e uma missão nova e inesperada: redefinir o futuro. Dirigido por Alan Taylor.

2015 poderá ser lembrado como o ano do ressurgimento de algumas franquias dos anos 80/90. Não apenas isso, mas também é possível afirmar (até agora) que em todos os casos não apenas tivemos novos filmes divertidos e legais de assistir, como também respeitaram e homenagearam os filmes originais. Por mais que alguns reclamem da falta de história ou roteiro confuso, tivemos êxito com Mad Max: Estrada da Fúria, Jurassic World, Star Wars 7 vem aí em dezembro, e agora posso afirmar com alívio que acontece o mesmo com O Exterminador do Futuro: Gênesis.

O filme traz de volta os melhores elementos da franquia: muita ação, ótimo uso de efeitos especiais e computação gráfica, uma trilha sonora de qualidade (embora não chegue perto do filme de 1991) e um Arnold Schwarzenegger completamente à vontade no personagem, que carrega o filme nas costas com seu carisma - e aqui com algumas caras e bocas a mais. O longa também traz de volta fatos e personagens marcantes de filmes anteriores, continuando a explorar temas como a relação humanos vs. máquinas, viagens no tempo e extinção da humanidade (com direito a mais uma versão do dia do julgamento final). Se você não viu pelo menos os dois primeiros filme, faça mais um favor a si mesmo e assista! Se possível, antes desse para o divertimento (ou confusão) ser maior.

Falando um pouquinho do elenco, já citei o quanto Schwarzenegger está na boa com seu papel mais icônico. A ironia é lembrar que ele foi o escolhido para ser o T-800 do primeiro filme de 1984 porque era considerado apenas um fortão sem expressão, ideal para ser um robô. Aos 67 anos, tanto ele quanto o androide assumem o peso da idade, deixando isso claro em diversas vezes no filme. Jai Courtney (Duro de Matar 5, Divergente) como Kyle Reese e Jason Clark (Brotherhood) como John Connor fazem seu trabalho, sem maiores destaques positivos ou negativos. O talentoso J. K. Simmons (Whiplash) tem um papel secundário como policial, que poderia ser melhor aproveitado. O T-1000 deste filme foi interpretado por Lee Byung-Hum (G. I. Joe), substituindo o de 1991 vivido por Robert Patrick. Coube à baixinha Emilia Clark (Game of Thrones), em seu primeiro papel como protagonista em Hollywood, o problema de assumir o posto da durona Sarah Connor e substituir Linda Hamilton. Eu achei que ficou perfeita. Ninguém fala mal da Khaleesi! 

Com muitos temas de ficção complexos para serem explorados, unindo a isso a preocupação de manter uma certa coerência com os filmes anteriores (principalmente os dois primeiros, que são os melhores da franquia), e inserindo os novos itens obrigatórios em filmes de ficção de viagem no tempo (física quântica e magnetismo), esteja preparado para uma quantidade enorme de informações sobre linhas alternativas no tempo, viagem ao futuro, ao passado, ao novo futuro, ao suposto passado,  ao outro presente, ao pretérito perfeito, etc. Se você for tentar ligar os pontos, e ainda encaixar com as datas e eventos dos filmes anteriores, vai acabar com um nó temporal no seu cérebro. Fora a árvore genealógica quase impossível de ser formada. A certa altura, eu já não sabia mais quem era pai de quem, se um pai aqui era o filho ali ou se era o avô dele mesmo, se o filho nasceu antes do pai ou nem era pra ter nascido. 

Se você for mais xiita e ficar se apegando nos detalhes, vai acabar perdendo o filme. É o mesmo conselho que dei quando do lançamento de Mad Max e Jurassic World. É preciso que exista um roteiro para que o filme exista. É preciso inserir as referências e homenagens aos filmes anteriores. É preciso intercalar toda a história com tiro, porrada e bomba sequências de ação e aventura. E quando se mexe com franquia, ainda tem a questão do saudosismo, da emoção, da preferência a um determinado filme, a comparações, a alterações por questões tecnológicas, políticas, sociais, familiares, econômicas - afinal, o tempo é outro, e parece que sociedade está cada vez mais conservadora. Tanto que aqui a classificação etária foi reduzida. Ao menos pra mim, continua funcionando relevar ou minimalizar os furos na história. Não deixe de se divertir pra ficar reclamando que conseguiram fazer uma máquina do tempo artesanal de garagem, por exemplo. Tem falhas de roteiro? Tem! É confuso em alguns momentos? É! Poderia ser melhor em alguns momentos? Sempre pode! Vai ter gente que não vai gostar? Normal! Eu gostei? MUITO! Se você for assistir o primeiro filme, de 1984, com um olhar crítico, também vai encontrar vários furos na história. Mas naquela época o pessoal se preocupava menos com isso. Então deixa essa seriedade com os documentários, desliga a parte racional do cérebro e curta o filme.

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